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quarta-feira, 15 de setembro de 2010


Formações

Outonos e primaveras...
A primavera só pode ser o que é porque o outono a embalou nos braços


Primavera é tempo de ressurreição. A vida cumpre o ofício de florescer ao seu tempo. O que hoje está revestido de cores precisou passar pelo silêncio das sombras. A vida não é por acaso. Ela é fruto do processo que a encaminha sem pressa e sem atropelos a um destino que não finda, porque é ciclo que a faz continuar em insondáveis movimentos de vida e morte. O florido sobre a terra não é acontecimento sem precedências. Antes da flor, a morte da semente, o suspiro dissonante de quem se desprende do que é para ser revestido de outras grandezas. O que hoje vejo e reconheço belo é apenas uma parte do processo. O que eu não pude ver é o que sustenta a beleza.


A arte de morrer em silêncio é atributo que pertence às sementes. A dureza do chão não permite que os nossos olhos alcancem o acontecimento. Antes de ser flor, a primavera é chão escuro de sombras, vida se entregando ao dialético movimento de uma morte anunciada, cumprida em partes.


A primavera só pode ser o que é porque o outono a embalou em seus braços. Outono é o tempo em que as sementes deitam sobre a terra seus destinos de fecundidade. É o tempo em que à morte se entregam, esperançosas de ressurreição. Outono é a maternidade das floradas, dos cantos das cigarras e dos assobios dos ventos. Outono é a preparação das aquarelas, dos trabalhos silenciosos que não causam alardes, mas que, mais tarde, serão fundamentais para o sustento da beleza que há de vir.


São as estações do tempo. São as estações da vida.


Há em nossos dias uma infinidade de cenas que podemos reconhecer a partir da mística dos outonos e das primaveras. Também nós cumprimos em nossa carne humana os mesmos destinos. Destino de morrer em pequenas partes, mediante sacrifícios que nos fazem abraçar o silêncio das sombras...


Destino de florescer costurados em cores, alçados por alegrias que nos caem do céu, quando menos esperadas, anunciando que depois de outonos, a vida sempre nos reserva primaveras...


Floresçamos.

Formações

Porta estreita: esforce-se para ajustar sua vida
Não podemos desprezar a educação do Senhor


Refletindo o Evangelho de Lucas 13,23 temos, sem dúvida, a oportunidade de crescer fortalecendo as nossas decisões, como também, a virtude da vigilância. Em Lucas 13, 23, nós encontramos alguém que faz uma pergunta a Jesus: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” Diante da pergunta, Cristo a responde com uma forte afirmação no versículo seguinte: "Fazei todo o esforço possível para entrar pela porta estreita. Por que eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão".


A exigência do Evangelho deve, portanto, nos questionar se a vida que levamos, verdadeiramente, nos forma e prepara, para as diversas "portas estreitas da vida", inclusive, para a porta estreita, por excelência, que é o julgamento final. É muito significativo e profundo o fato de Jesus afirmar que muitos tentarão e não conseguirão entrar.


O que isso pode significar para nós? Será que esses levavam uma vida de completa ilusão acerca do seu preparo? Ou seja, viviam uma ilusão de seguimento de Jesus, de estar preparados, contudo, sem as condições necessárias para responder a exigência da porta estreita. Estar com Nosso Senhor Jesus Cristo, mas não ser inteiramente d'Ele constitui a ilusão que mais frustra o homem.


A porta estreita nos revela o quão importante é ter uma vida de intimidade com Cristo, que compromete o ser, ou seja, a vida na sua totalidade. Em I João 2, 4, colhemos o critério que nos prova: “Aquele que diz: 'Eu conheço', mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele”. Tal dimensão nos encaminha para um exame de consciência intenso, por meio do qual percebemos que – sem a prática dos ensinamentos de Jesus – no concreto da vida, nosso preparo revela-se ilusório e fantasioso. Se a consciência, o conhecimento e a fé não se revelam capazes de governar a vida, a existência torna-se mentira e falsidade.


E, de fato, tudo aquilo que não é cosntruído na verdade sempre irá cair por terra um dia, o tempo é o seu maior adversário, pois, este [tempo] sempre vence aquilo que não possui raiz profunda e substância!


Agora, quem pode nos preparar para a exigência da porta estreita? Constatamos que somente Alguém pode nos formar para tal realidade: Deus, que nos criou! Por esse motivo a Carta aos Hebreus afirma que não podemos desprezar a educação do Senhor, que nos repreende e corrige em vista da salvação. Contudo, sem o "fazei todo o esforço possível", acaba-se por não viver o comprometimento e o dinamismo do ser melhor, da mudança, que nos faz vir para fora, inserindo-nos nessa realidade de purificação e preparação.


Nesse Evangelho Jesus coloca ainda um outro questionamento no versículo 25a e 26: “Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater, dizendo: 'Senhor, abre-nos a porta!'. Ele responderá: 'Não sei de onde sois'".


É, sem dúvida, muito triste seguir um caminho e ver as esperanças frustradas, mas isso é justamente o resultado de uma vida feita de "meias medidas", de "jeitinhos" aqui e lá, enfim, de meras aparências. Precisamos ser responsáveis, reconhecendo que Deus nos conhece inteiramente e que o improviso e a imprudência não são salvíficos. Portanto, não nos enganemos, sigamos um caminho permitindo que o "Dono da Porta" nos ajuste na medida da "porta estreita", pois, a medida correta está em Deus, não em nós mesmos.


Mas, infelizmente, vivemos em um mundo onde a busca de muitos é pela "porta larga", ou seja, pelo mais fácil e rápido. Que tipo de pessoas podem surgir de uma formação que busca a facilidade e a falsa proteção? Pessoas desanimadas e excessivamente sensíveis, que tendem à perda de sentido da vida, pelo simples fato de não conseguirem enfrentar as exigências naturais da vida e da fé. Por isso, decida-se por um caminhar no qual a referência seja a Palavra de Deus, que além de nos revela Jesus, também nos desvela a verdade de nós mesmos.


O que precisamos fazer e deixar Deus fazer em nós? Que Deus o abençoe, o prepare e o ajuste na medida da "porta estreita"; o tempo da graça, o Kairós de Deus para ser estreitado é hoje!

Formações

As escolhas provocadas na liberdade
Equilíbrio, ideal a ser alcançado à custa de muito esforço


"Senhor, dono das panelas e marmitas, não posso ser a santa que medita aos vossos pés. Não posso bordar toalhas para o vosso altar. Então, que eu seja santa ao pé do fogão. Que o teu amor esquente a chama que eu acendi e faça calar minha vontade de gemer a minha miséria. Eu tenho as mãos de Marta, mas quero também ter a alma de Maria. Quando eu lavar o chão, lava, Senhor, os meus pecados. Quando eu puser na mesa a comida, come também, Senhor, junto conosco. É ao meu Senhor que sirvo, servindo minha família". Encontrei esta oração de uma camponesa de Madagascar, que nos abre a compreensão de uma bela página do Evangelho (cf. Lc 10, 38-42), da qual emergem preciosas lições para o nosso cotidiano.


Os discípulos de Jesus são chamados a fazer suas escolhas provocados em sua liberdade. Os que foram chamados pelo Senhor tinham feito sua primeira experiência missionária, da qual retornam repletos de alegria e são contagiados pela exultação de Cristo, que louva o Pai do Céu (cf. Lc 10, 21-24). Em seguida, aprendem os dois mandamentos principais do amor a Deus e ao próximo, acolhendo o impulso missionário que os fará próximos daqueles dos quais se aproximarem (cf. Lc 10, 25-37), unindo a oração e a contemplação no episódio da casa de Marta, Maria e Lázaro. Enfim, a série de lições se completa com o ensinamento sobre a oração e a entrega do "Pai-nosso", a ser levado pela vida afora como um verdadeiro tesouro (cf. Lc 11, 1-13).


De Marta e Maria já se falou muito. E a figura daquela que se encontra acocorada aos pés de Jesus Cristo para ouvir sua Palavra tornou-se até uma carta magna da vida monástica e eremítica, consagrada à oração e à meditação da Palavra de Deus. Mas a página do Evangelho de Marta e Maria não foi escrita só para monges, inclusive porque não existiam ainda! Ela foi escrita para todos os discípulos de Jesus de todos os tempos.


Cristo, que nos recomenda reconhecer Sua presença nos irmãos a quem servimos, não reprova o serviço prestado por Marta. Chama a atenção dela porque não se ocupa do necessário serviço, mas se "pré-ocupa", porque é uma pessoa agitada. Jesus deseja ver-nos curados do ativismo, não da atividade justa e necessária! Mas em nosso tempo, reconheçamos logo, a agitação não é tanto escolhida, mas sim, praticamente imposta pelo ritmo frenético do dia a dia. Basta ver o estresse ao qual são submetidas tantas pessoas que passam horas e horas no trânsito, às quais se ajunta o tempo dedicado ao trabalho. Entende-se assim o desejo de se recolherem em locais mais tranquilos, fazendo com que o final de semana traga consigo o esvaziamento das cidades, com levas de pessoas que buscam refúgio, numa forma, quem sabe secularizada, de contemplação!


O equilíbrio é o ideal a ser alcançado à custa de muito esforço, tarefa a ser assumida ao longo da vida. Dentro da agitação da Marta do Evangelho encontra-se uma virtude, tantas vezes esquecida: a hospitalidade. “Não vos esqueçais da hospitalidade, pela qual algumas pessoas, sem o saberem, hospedaram anjos” (Hb 13, 2). A Carta aos Hebreus se referia ao importante episódio de Abraão recebendo hóspedes ilustres, portadores da promessa da posteridade (cf. Gn 18, 1-10). Marta, modelo da hospitalidade, mesmo agitada, é santa, que a Igreja celebra a cada ano no dia 29 de julho! Dela acolhemos o convite a praticar esta virtude, para abrir corações que, por sua vez, abram portas!

Vale receber as pessoas em nossa casa, valorizar os momentos gratuitos de convivência. Vale a atenção, quem sabe muito rápida, mas intensa, com a qual saudamos as pessoas que estão ao nosso lado num meio de transporte público ou nas ruas e vielas, elevadores e corredores da vida. É hospitalidade o "bom dia" e o sorriso no início do trabalho. Hospitalidade é a capacidade de ouvir, dar atenção, perder tempo.


Hospitalidade é a Missa de Domingo, bem preparada e vivida , na qual as pessoas se restauram com a Palavra e o Pão da Vida. Hospitalidade é a oportuna Pastoral da Acolhida, hoje implantada, em tantos lugares, muitas vezes exercida pelas "Guardas" existentes na maioria de nossas Paróquias. Hospitalidade é ter igrejas de portas abertas para os peregrinos do cotidiano, sedentos de silêncio e recolhimento. Hospitalidade é olhar, abraço e carinho, Marta e Maria, irmãs e santas, sinais de um relacionamento mais profundo, no qual Céu e terra se encontram.


Formações

Você se aceita como é?
A pior qualidade de um filho é a ingratidão


Cada um de nós é riquíssimo no seu ser. Fomos feitos à imagem de Deus; o que mais poderíamos desejar? O Todo-poderoso entrou dentro de Si mesmo para, lá, ir buscar o nosso molde.

Como, então, você pode ficar reclamando das qualidades que você não tem? Não seria isso ser ingrato com o Senhor?


Antes de lamentar e lamuriar o que você não tem, agradeça o que você já tem e tudo o que recebeu gratuitamente de Deus Pai. Olhe primeiro para as suas mãos perfeitas… e diga: "Muito obrigado, Senhor!" Pense nos seus olhos que enxergam longe; seus ouvidos que ouvem o cantar dos pássaros, e diga mais uma vez: "Obrigado, Senhor!" Da mesma forma, olhe para a beleza e o vigor da sua juventude e agradeça ao bom Pai, de quem procede toda dádiva boa.


A pior qualidade de um filho é a ingratidão diante do pai. Jesus ficou muito aborrecido quando curou dez leprosos (uma doença incurável na época!), mas só um (samaritano) voltou para agradecer. E este não era judeu, isto é, o único que não era considerado pertencente ao povo de Deus.


Você recebeu uma grande herança de Deus, que está dentro de você: sua inteligência, sua liberdade, vontade, capacidade de amar, sua memória, consciência, etc., enfim, seus talentos, que o Senhor espera que você os faça crescer para o seu bem e o dos outros. A primeira coisa a fazer, para que você possa multiplicar esses talentos, é aceitar-se como você é, física e espiritualmente.


Não fique apenas olhando para os seus problemas, numa espécie de introspecção mórbida, porque senão você acabará não vendo as suas qualidades; e isso o tornará escravo do seu complexo de inferioridade.


São Paulo disse que somos como que "vasos de barro", mas que trazemos um tesouro de Deus escondido aí dentro (cf. I Cor 4, 7).


Eu não estou dizendo que você deva se esconder dos seus problemas nem fazer de conta que eles não existem; não é isso. Reconheça-os e aceite-os; e, com fé em Deus, e confiança em você, lute para superá-los, sem ficar derrotado e lamuriando a própria sorte.


Saiba que é exatamente quando vencemos os nossos problemas e quando superamos os nossos limites, que crescemos como pessoas humanas.


Não tenha medo dos seus problemas, eles existem para serem resolvidos. Um amigo me dizia que todo problema tem solução; e que, quando um deles não a tem [solução], então, deixa de ser problema. “O que não tem remédio, remediado está”, diz o povo. Não adianta ficar chorando o leite derramado.


É na crise e na luta que o homem cresce. É só no fogo que o aço ganha têmpera. É sob as marteladas do ferreiro que a lâmina vira um espada. Por isso, é importante eliminar as suas atitudes negativas.

Deus tem um desígnio para você e para cada um de nós; uma bela missão a ser cumprida, e você pode estar certo de que Ele lhe deu os talentos necessários para cumpri-la.


Deus Pai quer que você seja um aliado d'Ele, um cooperador d'Ele, na obra da construção do mundo. O Senhor não nos entregou o mundo acabado, exatamente para poder nos dar a honra e a alegria de sermos Seus colaboradores nesta bela obra. Ele precisa de nossas mãos e de nossa inteligência, pois quer usar os nossos talentos. Por essa razão, o homem mais infeliz é aquele que se fecha em si mesmo e não usa os seus talentos para o bem dos outros. Este se torna deprimido.


Na "Parábola dos Talentos", Jesus mostrou que só foi pedido um talento a mais àquele que tinha ganhado um; mas que foi pedido dez novos talentos ao que tinha dado dez. Deus é coerente.

Você sabe que é “único” aos olhos d'Ele, irrepetível; logo, você recebeu talentos que só você tem; então, o Senhor espera que você desenvolva esta bela herança, sendo aquilo que você é.

É um ato de maturidade ter a humildade de reconhecer os seus limites e aceitá-los; isso não é ser menor ou menos importante; é ser real.


Aceite suas limitações, seus problemas, seu físico, sua família, sua cor, sua casa, também seus pais e seus irmãos, por mais difíceis que sejam… e comece a trabalhar com fé e paciência, para melhorar o que for possível.


Se você não começar por aceitar o seu físico, aquilo que você vê, também não aceitará os defeitos que você não vê. Você corre o risco de não gostar de você se não aceitar o seu corpo. Muitos se revoltam contra si mesmos e contra Deus por causa disso. Você só poderá gostar de você - amar a si mesmo - se aceitar-se como é física e espiritualmente. Caso contrário não será feliz.


É claro que é bom aprender as coisas boas com os outros, mas não podemos querer imitá-los em tudo. Você não pode ficar se comparando com outra pessoa, e quem sabe, ficar até deprimido porque não tem o mesmo sucesso dela. Cada um é um diante de Deus Pai. Também não se deixe levar pelo julgamento que as pessoas fazem de você. Saiba de uma coisa: você não será melhor porque as pessoas o elogiam, mas também não será pior porque elas o criticam. Como dizia São Francisco, “sou, o que sou diante de Deus.”


Certa vez, iam por uma estrada um velho, um menino e um burro.

O velho puxava o burro e o menino estava sobre o animal.

Ao passarem por uma cidade, ouviram alguém dizer:

“Que menino sem coração, deixa o velho ir a pé. Devia ir puxando o burro e colocar o velho sobre este!”

Imediatamente o menino desceu do burro e colocou o velho lá em cima, e continuaram a viagem.

Ao passar por outro lugar, escutaram alguém dizer:

“Que velho folgado, deixa o menino ir a pé, e vai sobre o burro!”

Então, eles pararam e começaram a pensar no que fazer:

O velho disse ao menino:

"Só nos resta uma alternativa: irmos a pé carregando o burro nos nossos braços!…"


Moral da história: é impossível agradar a todos!



Do livro – "Jovem, levanta-te!" – Editora Cléofas

Adoração e Vida - WALMIR ALENCAR - O CEU SE ABRE

quarta-feira, 1 de setembro de 2010



Formação
Santo Agostinho viveu o PHN?

Ele foi um jovem que viveu de tudo na sua juventude. Pense num cara que fazia de tudo de forma errada?! Imaginou?! Multiplica por dois esse era Agostinho. Ele viveu como um pagão intelectual, morou com uma mulher e com essa mulher desenvolveu uma relação estável e aos seus 19 anos teve um filho, Adeodato. Agostinho fazia parte de uma seita filosófica - religiosa. Aos 17 anos seu filho Adeodato chegou a falecer. Era um jovem que gostava muito de leituras e se dedicava a elas tanto é que se tornou professor de gramática.Só apenas com os seus 32 anos que se converteu a fé católica. A partir de sua conversão as lutas eram grandes para não pecar e não fazer nada de errado para não ferir o coração de Deus. Acreditava que “amar e ser amado era uma coisa deliciosa” e por isso lutava sempre contra o pecado para não deixar de ser amado por Deus. Podemos seguir o exemplo de Santo Agostinho lutar contra o pecado. Santo Agostinho foi realmente um jovem que viveu o PHN. O PHN é isso! Luta diária para não deixarmos de ser amados por Deus. E para não chegar ao ponto de dizer como ele “Tarde te amei…” que tal dizer PHN?



Formações

O valor do matrimônio
Um filho que nasce não deveria ser uma fatalidade


A palavra "sexo" deveria nos fazer pensar imediatamente no leito matrimonial. Mas, infelizmente, não é assim. Logo, se quisermos compreender a sexualidade como foi criada por Deus, devemos passar por uma verdadeira metanóia, uma conversao, uma mudança de mentalidade.
Santo Agostinho, neste processo de transformação do coração, vem em nosso auxílio com seu ensinamento e o seu exemplo. Longe do puritanismo dos hereges, o Doutor de Hipona aceita plena e humildemente o Criador e compreende que é seu dever de cristão considerar Suas obras boas. É com este olhar humilde que ele contempla a realidade do matrimônio e descobre nela um tríplice valor. Trata-se das três bondades (tria bona) do matrimônio.
Esta bondade é dividida em três partes: a fé, a prole, o sacramento. Na [parte da] fé toma cuidado para que, fora do vínculo do casal, não tenham relações com outra ou com outro. Na prole, para que os filhos sejam recebidos com amor, nutridos com bondade e educados religiosamente. No sacramento para que o enlace não se desfaça e o repudiado ou a repudiada se una a outra pessoa, nem mesmo por causa da prole. Esta é como que a regra do matrimônio, pela qual a fecundidade da natureza é ornada, ou a perversidade de incontinência é norteada.
Nota-se, deste modo, que o valor do matrimônio não se encontra apenas na procriação. Se o matrimônio fosse apenas para a procriação, poderíamos compará-lo com um viveiro ou um canteiro artificial onde a única finalidade das pobres plantinhas é "crescer e se multiplicar", aglomeradas naquele espaço acanhado. Se assim o fosse, o casamento seria um lugar asfixiante! Ao contrário, o matrimônio é um jardim. É neste ambiente airoso, onde brotam igualmente a flor e a erva daninha, que somos chamados a colher o fruto da vida. Um filho que nasce não deveria ser uma fatalidade, mas a celebração de uma vida que antes já existia: uma vida a dois, uma comunidade de vida e de amor que não pode ser rompida. Para expressar a união destas duas vidas, Santo Agostinho usou a palavra fides – fé, fidelidade matrimonial.
Ora, esta união é o pressuposto para que possam surgir os filhos (prolis). E a razão é evidente: um filho, que é para sempre, tem direito a ter um pai e uma mãe, para sempre.
E Santo Agostinho não para por aí. Todas as expressões de união física do casal (o contato sexual, a comunidade de vida, os filhos, a partilha dos bens etc.) seriam superficiais, se não fossem precedidas por uma união espiritual (sacramentum). No matrimônio, duas pessoas celebram uma aliança em Cristo Jesus que, selada pela graça do Espírito Santo, tem em vista o Reinado de Deus Pai.
Iluminados por este ensinamento, podemos perceber que quando a união sexual é vivida fora do seu contexto espiritual, o ser humano parece que é mutilado. Transformar o prazer sensível na única finalidade do sexo é perverter a relação do homem com Deus, consigo mesmo e com o seu próximo.
(Trecho do livro "Um olhar que cura - Terapia das doenças espirituais" – pag. 91,92,93).

Participem do programa Caminhando com Jesus,fique ligado na Cidade FM-104,9 , de segunda a sexta das 20:00 as 21:00.


Sagrado Coração de Jesus e de Maria

Estamos refletindo um pouco sobre a Devoção do Sagrado Coração de Jesus que é solenemente celebrado hoje em toda a Igreja. Não foi uma pessoa que instituiu esta devoção como vimos em artigos anteriores, foi o próprio Deus que quis esta devoção, pois Deus bem sabe da nossa necessidade de estarmos enxertados neste coração.
Hoje quero refletir também sobre o Sagrado Coração de Maria que como entrelaçado ao Coração de Jesus se torna uma devoção necessária para nossa caminhada espiritual.
Certamente, Nossa Senhora vem pedir reparação ao Santíssimo Coração de Jesus, porque também ela sofre ao ver o seu filho sendo tratado com tanto desprezo e indiferença pelos homens que continuam a não ouvirem a voz de Deus e da Mãe que pedem reparação.
Os dois Corações de Jesus e de Maria estão entrelaçados um ao outro, e ambos sofrem juntos pelas ingratidões com que Eles são tratados, e é por isso que os dois corações precisam ser reparados.
Esta surdez dos homens fez com que Deus utilizasse mais uma vez da Virgem Maria para falar aos homens da necessidade de conversão e de uma vida consagrada a Deus que por meio de Santa Catarina de Laboré, em 1830, um século e meio depois da aparição em Paray-le-Monial à Santa Margarida Maria, em plena Guerra Civil na França, Nossa Senhora na sua missão de colaborar no plano de Salvação aparece desta vez na Rue du Bac, em Paris, a humilde Catarina que nos conta: “Era o sábado, antes do primeiro domingo do Advento, às cinco e meia da tarde. Depois da leitura da meditação, em grande silêncio, pareceu-me ouvir um ruído ao lado da tribuna; tendo olhado para este lado, percebi a Santíssima Virgem. Estava de pé, vestida de branco aurora, os pés apoiado numa bola, de que só via a metade; nas mãos, elevadas a altura do peito, trazia um globo que sustentava num gesto muito natural, com os olhos erguidos para o Céu… O seu rosto era de tal beleza que não poderia descrever. De repente percebi anéis no seus dedos, cobertos de pedras preciosas, umas maiores e outras menores, que lançavam raios, uns mais belos que os outros. Enquanto eu me embevecia em contemplá-la, a Virgem abaixou os olhos, fixou-os sobre mim e uma voz interior me falou: - Este globo que vedes, representam o mundo inteiro, especialmente a França… e cada pessoa em particular.
Aqui não sei exprimir o que senti, nem como era belos e deslumbrantes, os raios que via! A voz disse-me ainda: - Estes raios são o símbolo da graças que derramo sobre as pessoas que as pedem.
Neste momento não sei onde estava… Formou-se um quadro oval em torno da Santíssima Virgem, onde estavam escritas com letras de ouro estas palavras: - Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós. - E uma voz disse-me: - Fazei cunhar uma medalha conforme este modelo. - Todas as pessoas que a trouxerem ao pescoço receberão grandes graças; as graças serão abundantes para os que a trouxerem com confiança. - Algumas pedras preciosas não reluziam. - Estas pedras que permanecem sombrias representam as graças que se esquecem de me pedir.
No mesmo instante, o quadro pareceu voltar-se e vi o reverso da medalha: a letra “M” encimada por uma cruz, e em baixo, dois corações, um coroado de espinho e um outro transpassado por uma espada. Pareceu-me ouvir uma voz que me dizia: - O M e os dois corações dizem bastante! -. Maria, Jesus… dois sofrimentos unidos para nossa redenção.” (S. Catarina de Labouré, “A santa do Silêncio”).

São dois corações unidos pela nossa redenção. São dois corações que sofrem pela ingratidão dos homens no mundo inteiro. São dois corações que clamam por reparação, por alguém que ao menos, venha lhes consolar.
Recordemos, que, na 1ª Aparição em Fátima, 13 de Maio de 1917, Nossa Senhora pergunta aos Pastorinhos: “Querem oferecer sacrifícios, e suportar todos os sofrimentos que Deus os enviar, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?” (Memórias da Ir. Lúcia)
Marcelo Pereira